segunda-feira, 5 de abril de 2010

BOLA DE GUDE

Foi na Páscoa (ontem). Passei em frente a um terreno baldio onde um pai e um filho brincavam de “clica” (bolinha de gude, bulica, qualquer outro nome). Meus pensamentos foram da alegria à frustração em dois ou três segundos.

Explico.

No exato instante que vi os dois relembrei saudosamente minha infância. Jogava bolinha de gude no recreio da escola. Eu era bem ruim nisso, mas gostava da brincadeira.

Achei tão bonito o carinho oferecido pelo pai ao filho, em ir até o espaço de terra batida para brincar. No meio de tantas famílias onde existe uma distância quilométrica entre pais e filhos, achei aquela cena digna de Páscoa. A Ressureição do amor.

Mas, e a frustração nisso?

Enquanto eu passava de carro e observava aquela cena, o pai percebeu minha admiração. Ficou constrangido. Disfarçou. Olhou pro outro lado.

02bolinha_de_gude

A decepção foi grande. Será que é vergonha dar atenção para um filho? O sociólogo Emile Durkheim, um mestre da observação social, já falou há muito tempo sobre a força que a sociedade possui sobre o comportamento do indivíduo. Agora minha pergunta é: Será que está certa essa pressão social? Será que está certa essa nossa sociedade? Se um pai precisa ficar disfarçando ao brincar com um filho de bolinha de gude por receio de que alguns “bobo-alegres” da sociedade o recriminem, nós precisamos reavaliar nossa conduta social.

Feliz menino, pobre pai.

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